Esta história me
foi contada no ano de 1977 por meu tio Cecílio Pereira, e confirmada por meu
tio João Oliveira.
Naquele ano, eu
fui à Bahia, depois de 27 anos. Saí de lá com sete anos de idade em 1950, e
nunca mais tinha voltado lá. Foi uma grande emoção para mim. Minha avó Felipa,
mãe de tio Cecílio e de minha mãe, já tinha falecido. Meu avô Antônio Inácio
Pereira, marido de Felipa, tinha falecido antes de 1950.
Com o falecimento
de minha avó Felipa, surgiu um problema: Quem ficaria com a imagem de Santo
Antônio que pertencia ao meu falecido avô Antônio Inácio Pereira desde a sua
infância? Ele foi casado duas vezes, e tinha descendentes de ambos os
casamentos.
Segundo tio
Cecílio me informou naquela ocasião, a solução encontrada foi deixar a imagem
dentro do oratório de meu avô que está na capela do Cemitério do Coqueiro até
hoje. O oratório, porque quanto à imagem há dúvidas, uma vez que era banhada a
ouro.
Mas que tem a ver
a imagem de Santo Antônio com Maria Joaquina? Quem é Maria Joaquina?
Vamos à história.
No começo do século XIX, provavelmente antes da Independência do Brasil, no
sertão baiano, um casal foi trabalhar na roça e deixou uma filha pequena
tomando conta da casa. Passou um homem e levou a menina e a imagem de Santo
Antônio que pertencia à família. Viajou o dia todo por aquele sertão com a
menina e a imagem de Santo Antônio até chegar ao fim do dia à casa de um
fazendeiro da família Coelho onde pediu pousada, dizendo que a menina era sua
filha.
O fazendeiro deu
pouso para o homem num dos quartos da casa e levou a menina para dentro para
dormir junto com suas filhas. Durante a noite, a menina contou para as filhas
do dono da casa que aquele homem que estava com ela não era seu pai, e que ela
tinha sido roubada da casa dela junto com a imagem de Santo Antônio.
No dia seguinte,
quando o homem falou com o dono da casa para trazer sua filha porque ele queria
prosseguir a viagem, o fazendeiro lhe disse que já estava sabendo que a menina
não era filha dele e que a imagem de Santo Antônio também não lhe pertencia,
que ele prosseguisse sua viagem, mas que a menina e a imagem de Santo Antônio
ficariam ali.
A menina, que se
chamava Maria Joaquina, permaneceu na casa do fazendeiro. Depois de muito
tempo, quando ela já era uma moça feita, houve um casamento de um dos filhos do
dono da casa. A noiva, que naquele tempo não tinha qualquer intimidade com o
noivo antes do casamento, ficou com medo do contato com o noivo na primeira
noite. Maria Joaquina, que tinha sido criada na mesma casa junto com o noivo,
foi para o quarto junto com a noiva para tentar acalmá-la para receber o noivo,
ou marido. A noiva ficou tão calma que dormiu. Quando o noivo entrou, quem
estava acordada era Maria Joaquina, que acabou mantendo um relacionamento
sexual com ele.
Em virtude disso,
ela ficou sendo a segunda esposa dele, com quem teve muitos filhos e filhas.
Uma de suas filhas se casou com Vitório Inácio Pereira, com quem teve um único
filho, porque faleceu no parto dele. O filho é Antônio Inácio Pereira, meu avô
materno, que foi criado por sua avó Maria Joaquina, da qual cuidou até o fim.
Vitório Inácio
Pereira, meu bisavô materno, tendo ficado viúvo bem jovem, se casou com a índia
Escolástica Ferreira Campos, com quem teve muitos filhos e filhas, inclusive
minha avó paterna, Jovenalina Ferreira Campos. Sendo assim, ele é meu bisavô
materno e paterno. Todos que assinam Pereira Campos ou Campos Pereira são
descendentes de Vitório Inácio Pereira e Escolástica Ferreira Campos.
Muito bem, depois
que fiquei sabendo a história de Maria Joaquina e da imagem de Santo Antônio,
contada por tio Cecílio em 1977, na Bahia, fui para o Estado do Espírito Santo
conferir com meu tio João Oliveira, irmão de meu avô Brígido, que era um homem
muito bem informado. Cheguei para ele e perguntei:
- Meu tio João, o
senhor já ouviu falar numa tal de Maria Joaquina?
Ele me respondeu
com outra pergunta:
- Aquela que tomou
o marido da outra na noite do casamento?
E ainda
acrescentou mais alguns detalhes.
Pronto.
Confirmado. Maria Joaquina é minha trisavó materna.
Mas naquele tempo,
eu não fiquei sabendo o primeiro nome do homem da família Coelho que foi marido
de Maria Joaquina, e nem o nome da filha dela que se casou com Vitório Inácio
Pereira, de cujo casamento nasceu meu avô Antonio Inácio Pereira, pai de minha
mãe.
Em janeiro de 2014
e junho de 2015, em conversa com meu primo Cunegundes Inácio Pereira e sua irmã
Paulina, que moram em Manoel Vitorino, Bahia, e são filhos de Manoel Inácio
Pereira (irmão por parte de pai de meu avô Antonio) e Francisca Xavier da
Costa, tive maiores informações sobre o assunto.
Eles me informaram
que também são descendentes de Maria Joaquina porque a mãe deles, Francisca,
era filha de Gina, a qual era irmã da mãe de meu avô Antonio Inácio Pereira, que
se chamava Ana, e que o pai de ambas era Antonio Coelho.
Gina foi casada
com Cunegundes Xavier da Costa, com quem teve filhos e filhas, e Ana se casou
com Vitório Inácio Pereira, de cujo casamento nasceu um único filho, Antonio
Inácio Pereira, meu avô materno, pois ela faleceu durante o parto do mesmo.
Conclusão: Sou tri
neto de Antonio Coelho e Maria Joaquina, e bisneto de Vitório Inácio Pereira e
Ana Coelho.
Adriano Pereira de Oliveira, trineto de Maria Joaquina.