Na minha opinião, a presidente Dilma
está de fato querendo fazer a reforma política e outras reformas. Ela está
apelando para o plebiscito porque sabe que os deputados e senadores não estão
interessados em mudanças no processo eleitoral, nem para 2014, nem para ano
nenhum. Quando a vejo falando sobre as reformas, lembro-me do presidente João
Goulart em março de 1964. É a mesma emoção, é a mesma paixão. Ele também queria
fazer as reformas, especialmente a agrária, mas sabia que os deputados e
senadores não agiriam nessa direção senão sob pressão popular, pressão das ruas.
Ele tentou pressionar, tentou levar o povo para a rua, mas foi derrubado do
poder pelos militares com o apoio daqueles que tinham medo das
reformas.
Há dois pontos na reforma política
que assustam boa parte dos atuais deputados. O primeiro é o voto distrital. Se
for implantado, muitos dos atuais deputados não se reelegerão porque foram
eleitos com votos espalhados em diversas regiões dos seus estados, não
possuindo uma base territorial para concorrerem por um distrito, entre eles
estão os evangélicos e assemelhados. Todos eles preferem o sistema proporcional
e não o distrital. O segundo ponto que assusta muitos deputados e quase toda a
classe política é o financiamento público de campanha. O financiamento público
de campanha seria benéfico para os novos, para os menos favorecidos
financeiramente. Mas os atuais detentores de cargos eletivos já têm os seus
financiadores, com os quais têm os seus compromissos, querem continuar assim. É
aqui que entra o maior engodo. Os poderosos com a ajuda da mídia passam para o
povo, para a opinião pública, a ideia de que o financiamento público de
campanha é um mal. Usam o povo incauto para defender os seus interesses. O
financiamento particular de campanha é a maior fonte de corrupção, é o maior mal
do nosso sistema eleitoral, mas os que lucram com ele convencem o povo de que é
o contrário. Então o povo passa a defender o interesse dos poderosos pensando
que está defendendo o seu próprio interesse. Este é um perigo que corre também o
plebiscito, mas mesmo sabendo disso, creio na sinceridade da presidente Dilma ao
querer convocar o plebiscito para fazer a reforma política.
A alegação de muitos deputados e
senadores é de que não há templo hábil para fazer o plebiscito e aplicar suas
decisões nas eleições de 2014. Se é assim, e se eles querem de fato as reformas,
por que não as fazem, sem o plebiscito? Eles sim, têm condições de fazerem as
reformas políticas em tempo hábil para que sejam aplicadas nas eleições de 2014.
Adriano Pereira de Oliveira, Tapiraí, SP.
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