Hoje, amanheci pensando nestas três
palavras, cabeça, fato e mocotó.
Estava lembrando do tempo em que eu e
meu irmão Abel éramos meninos lá no norte do Espírito Santo.
Nós éramos procurados por aqueles que
compravam ou vendiam animais vivos, geralmente porcos ou bois.
As pessoas pesavam os referidos
animais e depois vinham nos procurar para fazer as contas.
Elas diziam:
- Deu tantos quilos, faz a conta
aí descontando vinte por cento de cabeça, fato e mocotó para ver quanto
dá.
Nós fazíamos as contas, descontando
os vinte por cento de cabeça, fato e mocotó, e depois dividíamos por 15 para ver
quantas arrobas davam, e em seguida multiplicávamos pelo valor da arroba em
cruzeiro para ver quanto o comprador tinha que pagar.
A mesma coisa acontecia quando alguém
pegava uma roça para capinar, uma manga para roçar ou uma mata para
derrubar.
Elas diziam:
- Deu tantas braças de frente, tantas
braças de fundo, tantas braças dos lados, cuba aí para ver quantas tarefas dá, e
depois faz as contas para ver quantos cruzeiros dá.
Nós já sabíamos que uma tarefa era 30
X 30 braças, era fácil fazer as contas.
Nós éramos os
especialistas, os técnicos, os sabidos daquela região.
Recordações dos tempos que não voltam
mais.
Adriano Pereira de Oliveira, Tapiraí,
SP.